O VER-SUS é um projeto do Ministério da Saúde destinado a
alunos do ensino superior que proporciona um estágio de vivência no cotidiano
de trabalho das organizações e redes do Sistema único de Saúde (SUS). O projeto
visa proporcionar a vivencia da realidade no SUS contribuindo para a formação
de um conhecimento sobre o próprio, de forma crítica, ética, política e
multiprofissional. Além disso, o programa visa incentivar a formação do aluno
para que este venha a atuar no sistema único de saúde. De acordo com a página
do VER-SUS na internet, essa vivência pretende estimular a formação de
trabalhadores para o SUS, comprometidos eticamente com os princípios e
diretrizes do sistema e que se entendam como atores sociais, agentes políticos,
capazes de promover transformações.
"Nos livros de história seremos a memória dos dias que virão." |
Durante os espaços de vivências constatou- se o hábito da
população de não recorrer primeiramente as suas unidades básicas e sim aos
serviços de média e alta complexidade quando se deparam com algum sinal ou
sintoma de patologia, indício da mentalidade de que saúde consiste no modelo
curativo, que para SARRETA (2009) ainda é centrada na assistência médica e nas
especialidades, tendo como referência o hospital, o que pode ser a causa da
super lotação, da falta de profissionais, exiguidade de leitos e de recursos
materiais e financeiros, demonstrando assim a falta de conscientização da
população usuária do SUS em relação a programas e fatores de prevenção e
promoção de saúde. Bem como a fragilidade da rede de atenção a saúde para
cumprimento do principio de integralidade no atendimento ao usuário, está que é
uma característica comum entre o que é estabelecido pelas diretrizes do SUS e a
formação do Terapeuta Ocupacional. Entretanto não é possível encontrar
Terapeutas Ocupacionais atuando no Sistema Único de Saúde em Santa Maria.
De acordo com a sua formação, o Terapeuta Ocupacional assume
o papel de promotor de saúde, de articulador de rede, baseada em necessidades
individuais e coletivas dos usuários do SUS, um profissional que congrega
aspectos éticos,políticos, técnico- científicos e humanitários na sua formação
e prática, beneficiando assim o usuário, o coletivo, o multiprofissionalismo e
o sistema.
De acordo com MALFITANO & FERREIRA (2011), durante a
formação profissional do Terapeuta Ocupacional é salientado aos alunos a
importância da incorporação e intervenções biológicas, psicológicas e sociais,
demonstrando a necessidade de ações que partam da integralidade como
fundamento. Vislumbrar os sujeitos em sua integralidade significa
compreendê-los em todo seu contexto ocupacional, sócio- histórico- cultural e
econômico, admitindo- o assim como um ser biopsicossocial e buscando, por meio
do acolhimento e da escuta qualificada (condutas preconizadas no SUS),
identificar as reais necessidades do indivíduo. Dessa forma é possível
propiciar a ele a possibilidade de exercício de seus direitos e de sua
cidadania de forma autônoma, plena, saudável e com isso, contribuir para a sua
qualidade de vida de forma contínua. A Terapia Ocupacional é um campo de
conhecimento, de intervenção e educação que reúne modelos e metodologias
orientadas para integralidade do indivíduo, sabendo assim avaliar e identificar
as necessidades pessoais do sujeito e também de sua esfera social, favorecendo
assim a criação de uma rede que possa suprir essas necessidades, bem como
preconizando a emancipação do usuário do Sistema Único de Saúde enquanto
cidadão e ser ocupacional, agente da própria saúde e transformador da própria
história.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MALFITANO, Ana Paula Serrata; FERREIRA, Ana
Paula. Saúde pública e Terapia Ocupacional: apontamentos sobre relações
históricas e atuais. São Paulo: Revista de Terapia Ocupacional Universidade
São Paulo, ago/2011.
SARRETA, Fernanda de Oliveira. Educação
permanente em saúde para trabalhadores do SUS. São Paulo: Cultura Acadêmica,
2009.
VER- SUS- Observatório T.I.C. em Sistemas e Serviços de Saúde.
Disponível em: http://versus.otics.org/
**** RESUMO do artigo "VER -SUS Santa Maria, análise de um vivência sob o olhar da Terapia Ocupacional." Apresentado no SEPE (simpósio de ensino, pesquisa e extensão) no Centro Universitário Franciscano. Santa Maria/ RS, outubro de 2012.
Autor: Mariel Corrêa de Oliveira
Orientação: Michele Trindade
Ótimo!!!! :)
ResponderExcluirVER-SUS na mente e no coração!
o/\o
A importância do profissional da área de Terapia Ocupacional seja no SUS ou em qualquer outra rede de saúde é perceptível em função do sua formação e da sua área de atuação. Meus parabéns para estes profissionais.
ResponderExcluirDuas perguntas: 1) Como fazer para inserir este profissional na rede de SUS de Santa Maria, já que aqui não há nenhum profissional atuando; 2) Como fazer para mudar a mentalidade da população de modo a fazer o uso correto do SUS?
Parabéns pelo Blog e pelo artigo!
A questão da inserção do profissional na rede de Santa Maria é uma luta antiga, desda abertura do primeiro curso de TO no município em 2004. Dizem que devemos "sensibilizar" a gestão para a abertura do cargo no município, algo que já não sabemos mais como fazer. Pela mobilização da residência e dos professores da UFSM há uma negociação em pauta, mas não tenho muita informação sobre a mesma. Outra possibilidade é que com a tragédia que ocorreu em Santa Maria seja realizada a contratação de Terapeutas Ocupacionais.
ExcluirAcredito que, baseado na inserção dos estudantes de Terapia Ocupacional na militância e movimento estudantil, no futuro teremos o fortalecimento da associação; conselho, sindicato.
Quanto a população e ao SUS, acredito que um dos grandes problemas que temos é o imaginário social coletivo de que saúde é ausência de doença e da referência em saúde estar centrada nos hospital e nas especialidades médicas, referência esta respaldada pela própria acadêmia, pelos profissionais e pelo modelo de gestão dos municípios e estados. Outro problema é a falta de entendimento sobre o SUS, a população não reconhece o SUS como o seu sistema de saúde, como um direito e muitos profissionais também não se reconhecem como profissionais constituintes e atuantes do Sistema Único de Saúde!
Acredito que o que mais falta, não só em SM mas em muitas cidades, é a Educação Popular e Permanente em Saúde e os Conselhos Municipais de Saúde que na maioria das vezes não funciona como deveria, ou não se dá a devida importância... Pois sabendo as reais demandas e necessidades da população podem-se criar estratégias na atenção básica que atendem uma demanda que não precisaria ir para a média/alta complexidade.Novas ações de educação em saúde devem ocorrer... Agora, incluir a T.O. na rede é uma questão delicada. Temos que ter estratégias políticas, sim, mas mais que isso mostrar a importância do nosso papel. Mostrar para os usuários a nossa importância, pois é direito deles pelo SUS exigir nossos serviços. Enfim, é um debate longo esse tema. Mary, adorei o texto, parabéns. Orgulho de te ter como colega de profissão(logo :D ).
ResponderExcluirObrigado pela resposta Lidiane..
ResponderExcluirAgora dando sequência ao debate: Tu não considera que seria importante que os profissionais de Terapia Ocupacional se reunissem em uma forma de sindicato ou coisa desse gênero na tentativa de reivindicar seu devido lugar de atuação tanto no SUS quanto em qualquer outro sistema de saúde? Assim como tu disse, vocês Terapeutas Ocupacionais devem assumir seu papel e demonstrar a sua importância para que sejam 'valorizados' e 'contemplados' com o seu devido lugar dentro do SUS.
Falo isso pois até a pouco tempo atrás não sabia qual era o objeto de estudo da T.O. e agora que conheço um pouco mais desta bela profissão, acredito que ela deveria estar disponível para todos, afinal como o texto da Mary aponta, a atuação do profissional da T.O. mostra-se mais do que importante, mas sim necessária.
Como um leigo que sou, não tenho todas as informações que vocês dispõem, afinal, não sou da área de saúde, por isso faço estas perguntas e peço perdão se elas são meio bestas.. heheheh
Com certeza, levantou uma questão importante. É o clássico tripé: Associação, Sindicato e Conselho. Para nós falta o Sindicato, que certamente fortaleceria nossa classe e lutaria por esses espaços.
ResponderExcluirMesmo que o tripé não esteja devidamente construído, fico feliz por saber que vocês estudantes e futuras profissionais da T.O. demonstram se importar com os rumos da profissão. Isso me deixa animado quando ao futuro da profissão de do próprio SUS.
ResponderExcluirBoa noite!