VER SUS inverno 2012 sob o olhar da Terapia Ocupacional



O VER-SUS é um projeto do Ministério da Saúde destinado a alunos do ensino superior que proporciona um estágio de vivência no cotidiano de trabalho das organizações e redes do Sistema único de Saúde (SUS). O projeto visa proporcionar a vivencia da realidade no SUS contribuindo para a formação de um conhecimento sobre o próprio, de forma crítica, ética, política e multiprofissional. Além disso, o programa visa incentivar a formação do aluno para que este venha a atuar no sistema único de saúde. De acordo com a página do VER-SUS na internet, essa vivência pretende estimular a formação de trabalhadores para o SUS, comprometidos eticamente com os princípios e diretrizes do sistema e que se entendam como atores sociais, agentes políticos, capazes de promover transformações.
"Nos livros de história seremos a memória dos dias que virão."
Na seleção realizada para o VER SUS inverno de 2012, vinte sujeitos de diferentes formações como Terapia Ocupacional, Psicologia, Medicina e Serviço Social foram selecionadas para participar dessa vivência que iniciou no dia 22 de julho e se estendeu até o dia 29 do mesmo mês e realizou- se em Santa Maria. Nesses oito (8) dias de vivências foi possível conhecer algumas unidades básicas, o Hospital Universitário, centros de referência (CRAS e CREAS), a secretária de saúde do município, a 4° Coordenadoria de Saúde e as comunidades nas quais as equipes de saúde do município e os sujeitos atendidos estão inseridos, nesse contexto houve a aproximação e o contato com alguns profissionais atuantes e alguns dos usuários do Sistema Único de Saúde da cidade de Santa Maria.
Durante os espaços de vivências constatou- se o hábito da população de não recorrer primeiramente as suas unidades básicas e sim aos serviços de média e alta complexidade quando se deparam com algum sinal ou sintoma de patologia, indício da mentalidade de que saúde consiste no modelo curativo, que para SARRETA (2009) ainda é centrada na assistência médica e nas especialidades, tendo como referência o hospital, o que pode ser a causa da super lotação, da falta de profissionais, exiguidade de leitos e de recursos materiais e financeiros, demonstrando assim a falta de conscientização da população usuária do SUS em relação a programas e fatores de prevenção e promoção de saúde. Bem como a fragilidade da rede de atenção a saúde para cumprimento do principio de integralidade no atendimento ao usuário, está que é uma característica comum entre o que é estabelecido pelas diretrizes do SUS e a formação do Terapeuta Ocupacional. Entretanto não é possível encontrar Terapeutas Ocupacionais atuando no Sistema Único de Saúde em Santa Maria.
De acordo com a sua formação, o Terapeuta Ocupacional assume o papel de promotor de saúde, de articulador de rede, baseada em necessidades individuais e coletivas dos usuários do SUS, um profissional que congrega aspectos éticos,políticos, técnico- científicos e humanitários na sua formação e prática, beneficiando assim o usuário, o coletivo, o multiprofissionalismo e o sistema.
De acordo com MALFITANO & FERREIRA (2011), durante a formação profissional do Terapeuta Ocupacional é salientado aos alunos a importância da incorporação e intervenções biológicas, psicológicas e sociais, demonstrando a necessidade de ações que partam da integralidade como fundamento. Vislumbrar os sujeitos em sua integralidade significa compreendê-los em todo seu contexto ocupacional, sócio- histórico- cultural e econômico, admitindo- o assim como um ser biopsicossocial e buscando, por meio do acolhimento e da escuta qualificada (condutas preconizadas no SUS), identificar as reais necessidades do indivíduo. Dessa forma é possível propiciar a ele a possibilidade de exercício de seus direitos e de sua cidadania de forma autônoma, plena, saudável e com isso, contribuir para a sua qualidade de vida de forma contínua. A Terapia Ocupacional é um campo de conhecimento, de intervenção e educação que reúne modelos e metodologias orientadas para integralidade do indivíduo, sabendo assim avaliar e identificar as necessidades pessoais do sujeito e também de sua esfera social, favorecendo assim a criação de uma rede que possa suprir essas necessidades, bem como preconizando a emancipação do usuário do Sistema Único de Saúde enquanto cidadão e ser ocupacional, agente da própria saúde e transformador da própria história.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MALFITANO, Ana Paula Serrata; FERREIRA, Ana Paula. Saúde pública e Terapia Ocupacional: apontamentos sobre relações históricas e atuais. São Paulo: Revista de Terapia Ocupacional Universidade São Paulo, ago/2011.


SARRETA, Fernanda de Oliveira. Educação permanente em saúde para trabalhadores do SUS. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2009.


VER- SUS- Observatório T.I.C. em Sistemas e Serviços de Saúde. Disponível em: http://versus.otics.org/


**** RESUMO do artigo "VER -SUS Santa Maria, análise de um vivência sob o olhar da Terapia Ocupacional." Apresentado no SEPE (simpósio de ensino, pesquisa e extensão) no Centro Universitário Franciscano. Santa Maria/ RS, outubro de 2012.


Autor: Mariel Corrêa de Oliveira
Orientação: Michele Trindade


A arte de fazer caixinhas

Mãos que fazem caixinha. Mãos que proporcionam autonomia!

 Há quem faça piada com a Terapia Ocupacional, há quem diga que TO faz os pacientes pintarem caixinha e TO faz isso mesmo. Se o paciente precisa ganhar coordenação motora fina, precisa trabalhar pinça, ganhar amplitude de movimento e fazer flexão e extensão de punho, se for preciso pintar caixinha pra isso, com toda certeza ele irá fazer! Se enquanto TO eu precisar brincar com a criança pra estimular a cognição, psicomotricidade e as ocupações normativas da idade, eu farei também. Se for preciso fazer tricô, pintar, recortar, se for preciso se sujar, deitar no chão, se for preciso pintar caixinha, com toda a certeza a TO levará caixinhas para serem pintadas!
 Terapia Ocupacional é uma profissão da área da saúde de nível superior e regulamentada por lei, tem como objeto de estudo a ocupação humana e tratamos disfunções ocupacionais em todas as idades e em todas as áreas do desempenho humano.
Concurso público pra nós é o que mais tem, nosso piso salarial está em quase 5 mil reais por 30 horas, não somos uma profissão saturada no mercado de trabalho e ano passado fomos eleitos entre as 10 melhores profissões do mundo. Você que crítica, que faz piada, qual o objeto de estudo da sua profissão mesmo?
 Mariel Oliveira, Acadêmica de Terapia Ocupacional